domingo, 19 de agosto de 2012

O diário de Kelly - "As minhas boas lembranças"- 4ª parte

Estou tão acostumada a escrever tudo que eu penso e todo meu dia a dia nesse meu pequeno diário, que às vezes não dá tempo de lanchar ou tomar banho. Estou ficando tão viciada, que às vezes vou tomar meu banho lá pela madrugada, quando meus olhos e minhas mãos já estão cansadas de tanto escrever. Eu digo minhas mãos, porque escrevo com as duas mãos. Peguei essa facilidade quando cai do balanço no sítio do meu avô Telvim. Meu avô sempre dizia, quer dizer, ainda diz todas as vezes que vou visitá-lo no seu sítio. Ele sempre fala que eu pareço um menino, não pela minha aparência, mas sim pelas minhas atitudes e por ser muito inquieta, ou seja, bagunceira.

Uma vez meus pais foram viajar e me deixaram três dias no sítio do meu avô. Acho que era o  lugar em que eu mais gostava de ficar, lá eu explorava cada centímetro daquele sítio, acho eu que conheço o sítio até melhor que meu próprio avô. Mas voltando ao assunto, a minha facilidade de escrever com as duas mãos, na verdade eu acho que foi bem nesses 3 dias que eu adquiri.

Meu avô é incrível ele inventa cada coisa que até Deus duvida. Ele inventou um balanço, mas não qualquer balanço, olha só: ele diz que eu sou uma garota arteira, no sítio do meu avô tem uma árvore de uns doze metros – ela é bem alta – e foi nela que meu avô construiu o balanço. Para verificar se era seguro, ele mesmo testou o balanço. Minha vó Anita falou que ele ficou quase o dia inteiro se balançando até ter certeza que era seguro para eu usar e não se machucar. Mas meu avô esqueceu-se do fator “Kelly”, o fator inesperado, inacreditável, do fator livre para voar. E eu só esqueci que para voar é necessário ter asas ou, um colchão inflável daqueles que os bombeiros usam para socorrer pessoas que, como eu, acham que têm asas.

Se eu contar ninguém acredita, mas meu avô já havia pensado em tudo e fez uma rede de proteção com cordas e cipós da própria árvore. Isso foi a minha salvação, quer dizer quase. Minha avó disse que ele ficou dois dias fazendo testes no balanço e pensou em todas as possibilidades de acidente – ele conhece muito bem a neta que tem. Ela disse que foi espiar ele e viu meu avô se balançando, saltando do balanço e caindo na rede de proteção. Ela chegou a perguntar a ele se estava maluco e meu avô respondeu que ele seria maluco se não pensasse em todas as alternativas antes de me deixar usar aquele balanço, e isso incluía ele saltar do balanço.

Mas não teve jeito, eu consegui superar todas as expectativas de meu avô, fiz tudo o que ele pensou que eu faria, só não tive a mesma sorte dele: eu me balancei o mais alto possível e quando eu estava lá no alto me bateu uma vontade de voar e voei, só não lembrei que eu não tinha asas. Se meu avô não tivesse pensado em tudo, eu não tinha só quebrado uma mão, mas sim o corpo inteiro, mas mesmo assim a mão só machucou porque quando fui me balançar na rede de proteção, cai com ela no chão.

Na verdade meus avós não souberam do que realmente aconteceu, eu disse a eles que eu apenas estava correndo e tropecei numa toiça de capim e cai por cima da minha mão.

Então a partir deste dia comecei a escrever com a outra mão e, depois que ela ficou boa, eu já estava craque. Foi aí que peguei a facilidade de escrever com as duas mãos. Até porque eu adoro estudar e ir a escola e, no futuro eu quero ser alguém que soube aproveitar todas as oportunidades que a vida me oferecer, mas isso é só no futuro, porque agora já estou bocejando e morta de sono, por isso eu vou deixar para contar os meus sonhos e ideais em outra oportunidade. Tchau, até amanhã!!!
Cairê Barcelos

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